MARCOS COSTHA

DESABAFOS:

Deparei-me ontem com uma situação bastante inusitada. Sou Servidor Publico da Secretaria de Saúde do GDF e trabalho atualmente no Pronto Socorro do Hospital de Santa Maria. Minha digníssima mãe teve um mal estar ontem e por precaução foi ao HRC para uma consulta. Chegou as 6 horas da manha e quando era 5 da tarde me ligou para ir ajudá-la, pois ainda não tinha sido atendida. Quando cheguei ao hospital pude ver uma visão do inferno, acho que o inferno deve ser desse jeito. Uma multidão de pessoas amontoadas em corredores estreitos e perambulando feito zumbis. Usando da prerrogativa de servidor fui à coordenação de emergência e pude constatar que só havia um médico atendendo o dia inteiro naquela unidade. Ou seja, perspectiva para atendimento: Só Deus sabe.  É triste ver senhoras idosas, crianças e doentes agonizando em bancos duros sem a mínima noção de que só serão atendidas num futuro incerto e duvidoso. Sabendo do caos infernal daquele hospital resolvi então levar minha adorada mãe para o hospital do qual trabalho, certo de que lá enfim, conseguiria atendimento. Triste ilusão! A situação do pronto socorro, meu ambiente de trabalho, era igualmente desesperador. Pessoas brigando, chorando, desesperadas. No quadro de avisos do hospital constavam o nome de seis médicos. Invisíveis acho, porque não conseguir achar nem três. entrei acompanhado de minha mãe e fui solicitar atendimento com amigos que trabalham por lá. Certo da possibilidade de atendimento rápido e eficiente, até porque trabalho nesse local toda semana. Contudo, fui atingido pelo choque de uma realidade da qual vivencio toda plantão que faço, mas que só ontem veio á tona. Depois de esperar horas, tentando fazer com que algum médico fosse atende-la fui contaminado por um sentimento estranho: acho que era de humilhação. Um sentimento que sinto todas as vezes que trabalho naquele lugar, mas que só agora tive o desprazer de senti-lo...Felizmente, sou capaz de pagar médicos particulares para minha mãe. Mas e as outras pessoas, aquelas que não têm condições para pagar por algo que deveria ser de graça.

Moral: Se até para mim que trabalha dentro de um Pronto Socorro é complicado conseguir atendimento médico, imagine para o paciente comum. Sem contatos, sem representante. É revoltante perceber que todos estamos a mercê de médicos que vivem em um Mundo diferente do nosso e que somos governados por um médico que finge não ver o descaso e as humilhações vividas por um povo que não tem culpa de pagar com impostos por um serviço desqualificado.

Quer vivenciar o inferno na Terra?  Sentir humilhações que nunca sentiu na sua vida? Chegue num hospital, faça uma ficha e se prepare!! Sua noção de inferno irá mudar radicalmente!