No caminho ao santuário, lá está ela: a "santa feia". A estátua é dedicada à Nossa Senhora do Caravaggio e fica em Farroupilha, na Região da Serra do Rio Grande do Sul. Mas, desde que foi inaugurada, há seis anos, está dando o que falar. Os devotos não se identificaram com a imagem. A direção do santuário começou uma campanha para arrecadar dinheiro e construir uma nova, que vai custar R$ 80 mil.
Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/10/compromisso-diz-artista-que-faz-nova-imagem-da-santa-feia-no-rs.html

A reportagem é clara: A Santa Feia não agrada os fiéis. Livros poderiam ser escritos com a atitude desses fiéis. É até difícil explicar o que se passa em uma sociedade religiosa que utiliza traços esculturais considerados “bonitos” para idealizar um padrão de adoração. Ou seja, só se venera o que se é bonito. O que leva a pontos interessantes: E se Jesus for “feio”? E se Nossa Senhora for feia?

A atitude desses fiéis do sul do nosso país é essencialmente perigoso para a auto imagem do cristão que idealiza tantos princípios de igualdade, respeito ao próximo e amor Incondicional, repito “INCONDICIONAL”. Acho que essa palavra tem um novo significado para esses fiéis já que o incondicional não impõe condições para acontecer. O que seria do cristianismo se Jesus não viesse para a Terra e mostrasse sim que é possível andar ao lado de cegos, mortos, moribundos, ladrões e demonstrar amor e respeito? Imagina se a moda da condição de beleza pega.

Os fiéis têm todo o direito de comprar quantas imagens forem necessárias para satisfazer o privilégio de rezar olhando para algo “bonito”, mas o recado foi bem claro: o preço da beleza para os cristãos do Rio Grande do Sul já foi estipulado, 80 MIL REAIS, isso é quanto vai custar a nova Santa que já foi encomendada. Poderíamos nos adentrar em diversas discussões sobre respeito, preconceito, loucura religiosa, banalização de valores cristãos e tantos outros, mas por enquanto não convém. O melhor mesmo é aproveitar um pouco o sabor da surpresa de ver que tem gente que ao invés de ajudar o próximo prefere investir 80 mil reais para se deleitar com imagens “bonitas”.

O que não causa muito espanto vindo de uma religião que afunda na falta de atitude e no total conformismo moderno.

Marcos Costha


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