MARCOS COSTHA

“Quem sai da igreja por causa das pessoas nunca entrou lá por causa de Jesus"

Essa frase se espalhou pelas redes sociais na última semana. Cristãos de todas as religiões compartilharam e estamparam essa frase em seus murais e em seus status nas redes sociais, como uma mensagem direta para aquelas pessoas que de uma forma ou de outra acabam se desertando em busca de alguma coisa diferente, ou de algo que não encontraram dentro da igreja. Como se a culpa por isso fossem delas, ou como se a opção por não querer  compartilhar momentos com que quer que seja não fosse uma opção individual e símbolo de liberdade para quem quer que seja.

Na verdade, grande parte das pessoas não entra na igreja por causa de Jesus, a grande maioria entra por causa das pessoas: por causa do marido, da esposa, do amigo insistente, da namorada bonitinha, daquela gatinha, por causa da mãe. E tantos outros motivos. A grande questão nisso tudo é entender que a religião, seja ela qual for, funciona dessa forma. As pessoas talvez não entrem na Igreja por causa de Jesus, mas certamente ficam lá por causa dele. É dentro da igreja que percebemos a graça e a fé que esse homem-deus exerce em nossas vidas e por isso tantas e tantas pessoas conseguem se converter e se manter dentro da igreja.

O complicado disso é entender que dentro da igreja nos deparamos com homens cheios de defeitos e alguns cheios de soberba. O direito de ir e vir concede a qualquer pessoa ficar onde queira e sair a hora que quiser de qualquer lugar. A igreja não é diferente disso, e achar que pessoas que saem delas não entraram lá por causa de Jesus é muita pretensão, pra não dizer covardia. Seria muito desrespeitoso obrigar alguém a aguentar aquele religioso chato ou aquele padre/pastor sem noção só para agradar a meio mundo de pessoas que acham isso normal. As pessoas têm que se acostumar com o fato de que Jesus não é propriedade exclusiva da Igreja. É justamente por causa desse tipo de pensamento egoísta que as coisas não mudam, e cada vez mais o demônio toma conta dos nossos jovens e do nosso futuro.

A preocupação não deve ser com as pessoas que estão saindo e sim o porquê delas estarem saindo. E isso suscita algumas questões interessantes

 - ou elas estão encontrando Jesus em outro lugar,

 - ou já não estão suportando mais aqueles que acham que carregam ele dentro do peito.

Marcos Costha