Poucas vezes eu vi uma
situação tão revoltante como essa. Contudo, vindo da justiça brasileira não me
assusta muito. Na realidade, o Brasil é paraíso daqueles que acham que podem
fazer tudo que querem simplesmente porque tem muito dinheiro, muito prestígio
ou influência.
Entenda o caso: A blitz
da Lei Seca ocorreu na Rua Bartolomeu Mitre, no Leblon, em fevereiro de 2011. O
juiz João Carlos de Souza Correa conduzia um Land Rover sem placas e não tinha
carteira de habilitação. Luciana, na condição de agente de trânsito, informou
que o veículo teria de ser apreendido e levado a um pátio. O juiz, por sua vez,
exigiu que o carro fosse levado para uma delegacia.
Luciana acionou a Justiça
alegando ter sido ofendida durante exercício de sua função. Ao analisar o
recurso, o desembargador José Carlos Paes alegou que “nada mais natural que, ao
se identificar, o réu tenha informado à agente de trânsito de que era um juiz
de Direito”, considerando assim que o juiz não agiu com a chamada “carteirada”,
conforme alegou Luciana.
Para o desembargador, “em defesa da própria função
pública que desempenha, nada mais restou ao magistrado, a não ser determinar a
prisão da recorrente, que desafiou a própria magistratura e tudo o que ela
representa”. Fonte; http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/11/indenizacao-e-maior-que-meu-salario-diz-agente-que-parou-juiz-em-lei-seca.html
Um destaque interessante é o
companheirismo que notamos em quase todos os setores públicos de nossa
sociedade. É policial que defende policial, juiz que defende e juiz, e nesse
companheirismo quase sempre quem sai prejudicado é o cidadão que nunca tem uma
arma na cintura ou a lei na ponta da língua. Nesse momento não se pode nem
medir palavra, pois sua respiração já é o suficiente para um desacato de
autoridade. Juízes e policiais se aproveitam do poder de decisão para bem
escolherem o momento certo de se defender de comportamento que nem sempre
caracteriza uma infração a lei vigente. Para nós, o que resta é a conseqüência
quase sempre danosa à nossa liberdade e a nossa integridade, pois quase sempre
a corda arrebenta para o lado mais fraco.
Com relação ao juiz em
questão, quando se faz uma rápida pesquisa pela internet constatamos que não
foi a primeira vez que ela usa sua “carteira” e o poder de sua posição para
menosprezar e ridicularizar a situação de outras pessoas “normais”. O que é
totalmente anormal e bizarro é ver desembargadores que defendem esse tipo de
pessoa. Qualquer leigo com no mínimo um entendimento básico jurídico do caso em
questão saberia se comportar melhor do que desembargadores que levam mais em
conta a defesa da categoria do que a defesa do bom senso e da lei na prática. A
lei constitucional não estipula exceções, todas as pessoas são iguais perante a
lei. Não é porque o senhor Doutor é um juiz de Direito que ele vai ter um
tratamento diferenciado seja onde for.
Contudo, esse tipo de
comportamento já está impregnado na rotina brasileira, o problema é saber até
quando essas pessoas irão sair por aí se achando maiores do que as leis e até
quando serão protegidas pelo companheirismo dos
“amigos de carteira”.
Marcos Costha
João Carlos de Souza correa
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